OS SENSORES QUE TORNAM AS CIDADES “INTELIGENTES”

Num futuro “perfeito”, as tecnologias de sensores embutidos em objetos conectados e inteligentes conseguiriam captar informações em tempo real e processá-las rapidamente para proporcionar facilidades e conforto ao seu dia-a-dia. Será que este futuro ainda está assim tão longe?

Imagine que o seu despertador consegue antecipar problemas no percurso que você levará para chegar ao trabalho, por causa do trânsito e programa-se sozinho para despertar mais cedo.

Por exemplo, se o trânsito ou o tempo estão maus, ou se houve algum tipo de indicação de que o seu trajeto pode levar mais tempo do que o esperado, o sistema poderia acordá-lo um pouco mais cedo para que tenha o tempo adicional necessário para não se atrasar.

Esse alarme antecipado receberia informações a partir da “nuvem” sobre o trânsito e o clima, mas também do próprio carro. O carro pode enviar uma mensagem para a “nuvem” que o seu nível de combustível está baixo, e nessa altura o sistema, antecipa que poderá ter de parar para abastecer, acrescentando isso ao tempo de viagem previsto.

Imaginando ainda uma interação antecipada em tempo real entre os carros e as infra-estruturas da cidade inteligente: um semáforo inteligente pode deixá-lo saber que está prestes a ficar vermelho, e o seu carro poderia dizer ao semáforo, “estou mesmo a chegar…”. Assim, o semáforo poderia “olhar” para os dois lados e, se o caminho estivesse livre, mudar para o verde deixando-o passar.

O exemplo acima descrito, trata-se de um sistema de comunicações composto por sensores que recebem fluxos de dados, sinalizam, analisam e transmitem essa informação, formando uma complexa rede de recetores e emissores, que funcionam como transcetores.

As comunicações entre os sensores em rede operam sem fios, através de ligações de rádio e produzem valores adicionais para todos os participantes, analisando os dados de entrada envolvidos. Por exemplo, o sistema de controlo “Casa Inteligente” já existente no mercado, permite ligar todos os tipos de dispositivos e automaticamente regulá-los para atender às solicitações, alegando que renderá uma poupança de energia até 15%.

Pesquisadores consideram as incessantes “viagens” de sensores em sistemas móveis e as suas frequentes entradas/saídas de áreas instrumentadas como o principal obstáculo a ser superado na implementação da sua visão de cidades “inteligentes”.  Dispositivos assistidos por sensores terão que lidar com isso, respondendo a constantes mudanças ambientais e regulando as qualidades dos sinais recebidos e transmitidos.



Ao contrário das antenas atuais, que apenas irradiam numa única direção, como uma lâmpada, pretende criar-se, no futuro, condições nas quais as antenas dos sensores, se comportarão como holofotes; uma vez localizado um dispositivo procurado, eles acompanharão esse dispositivo, enquanto anularão a interferência ambiental de radiações eletromagnéticas dispersas de outros dispositivos.

Tais antenas, juntamente com os sensores (transcetores), são assim reconfiguráveis, isto é, ajustáveis às condições ambientais por meio de circuitos electrónicos integrados ou controlos remotos. Os dispositivos reconfiguráveis fazem um uso muito mais eficiente de um recurso escasso, as bandas de frequência.  Até agora, os sensores funcionam com bandas de frequência rigorosamente definidas, onde apenas 15% a 20% da sua capacidade é usada.

Este tema está ainda longe do seu total desenvolvimento, uma vez que os sistemas disponíveis são demasiados caros para aplicações em massa, sendo ainda só apenas direcionadas, pequenas redes modelo.

Existe ainda outro problema a ser resolvido antes das cidades “inteligentes” se poderem tornar uma realidade: as comunicações de sensores requerem a cooperação de todos os dispositivos envolvidos, em todos os protocolos de comunicação, o que ainda não pode ser alcançado com os dispositivos atuais e os protocolos de comunicação e redes.

A conversão de todos os dispositivos num protocolo de comunicações comum não é viável, razão pela qual se deve apostar num novo protocolo que se sobreponha a tudo e que permita que eles comuniquem através de vários protocolos.

Os canais de transmissão também teriam que ser capazes de lidar com a inundação maciça de dados, uma vez que, uma cidade “inteligente” certamente envolveria mais de um milhão de sensores: via satélites, telefones móveis, computadores e todos os outros tipos de dispositivos que existem. Além disso, uma vez que um único sensor móvel é prontamente capaz de gerar várias centenas de megabytes de dados anualmente, seriam necessários novos modelos para manipular as comunicações de milhões de tais sensores, a fim de proporcionar comunicações sem erros.

As futuras linhas de investigação deverão passar pelo alargamento da amostra de cidades onde foram aplicados sensores com vista a Cidades Inteligentes, devendo as mesmas serem objeto de monitorização dos Planos de Ação Integrados dos municípios face às metas locais, regionais, nacionais e europeias.

A transformação de uma Cidade Inteligente é um processo e não um fim em si mesmo!

 

Fontes:

http://www.scientificcomputing.com/news/2011/05/world-full-sensors-researchers-tu-darmstadt-are-working-%E2%80%9Csmart%E2%80%9D-cities

http://marcosmucheroni.pro.br/blog/?p=2181#.WCGbzS2LTIU

http://link.estadao.com.br/noticias/inovacao,cidades-inteligentes-terao-16-bilhao-de-coisas-conectadas-em-2016,10000028727

http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2013/novembro/cidade-inteligente-usa-sensores-para-reduzir